MORTES EM RETIRO DO MURIAÉ

NinoBellieny

Retiro do Muriaé, distante da sede, aproximadamente 16 km, tem ainda a placidez dos pequenos lugares onde todos se conhecem. Nos últimos dias, o quinto distrito itaperunense, passou a contar com uma fama indesejada. A de vizinha da morte. Apenas por ter em paralelo, um trecho da BR-356, onde por razões de engenharia da pista, detalhes técnicos , condições propícias para alta velocidade alcançada pelos veículos e inúmeros outros motivos, os acidentes se avolumaram como nunca. E a morte pedindo carona em vários deles.

Moradores do local e pessoas de outras cidades engrossaram a fria soma das estatísticas não-oficiais e por isso mesmo, sem registros  confiáveis, mas, assustadores.  Oficialmente ou não, os números não quantificam a dor de quem fica sem o filho, a esposa, o irmão, a mãe e o pai. Não contabiliza o prejuízo emocional, ainda que mostre o financeiro. Não assinala perdas irrecuperáveis.

A saudade de um outro tempo em Retiro

J.C.M.A, tem 35 anos,  (prefere não se identificar e em um ponto de ônibus no Centro,  foi o único que aceitou falar com o blog), mora há pouco tempo  na comunidade, escolhida por afetividade, aluguéis mais em conta, trabalha e estuda em Itaperuna, para onde vem de segunda a sexta: "Quando falece alguém aqui, mesmo não sendo parente todos nós sentimos muito, perdemos 10  amigos nestes dias, sem falar que estamos com medo da BR, eu e muita, mas, muita gente que faz este percurso."

E manda um recado: " Acho que o DNIT, a Polícia Rodoviária Federal, a Prefeitura de Itaperuna, a Câmara de Vereadores, devem fazer alguma coisa urgente! Ou então, o Ministério Público Federal entrar para valer. Aí sim, vamos ter os pardais  ( radares eletrônicos) e mudanças pra melhor. Do jeito que tá, vamos ter mais mortes", completa o trabalhador e universitário.

Enquanto  a morte roda pela estrada, em suas casas os moradores oram e esperam...

esperam  ansiosos por boas notícias. As ruins, já esvaziaram os sonhos de muitos.