quarta-feira, 17 de setembro de 2014

O ELEITOR E O JACARÉ

NinoBellieny
Foto-LPacheco


Você pegaria carona nas costas de um jacaré?
Provavelmente, não, mas, quando acolhe um candidato de fora da sua cidade, trabalha por ele e nele vota, é isso o que você está fazendo. São muitos os perigos. O jacaré pode sacudir a cauda e derrubá-lo, você pode escorregar, e ser alimento dele, ou simplesmente o bicho sumir e só voltar depois de quatro anos. Dirá você que é melhor correr tais riscos, do que acreditar em alguém da terra e ele se comportar como um jacaré-do-papo-amarelo, por ser conhecido, dar a impressão de ser amigo e fazer o mesmo que o estranho faz.

Não se trata de jacarés, nem cágados, jabutis ou tartarugas e sim, de cidadãos. Quando este coloca em primeiro lugar o interesse pessoal, trabalhando por benesses imediatas ou promessas futuras para a sua família, assina um contrato invisível no qual abre mão de melhorias em sua rua, bairro e cidade. O candidato-forasteiro em quem ele votou seja por qualquer tipo de escambo, volta para o habitat dele sem nenhum compromisso com a realidade onde esteve durante a campanha e gastou alguns caraminguás caçando votos e capturando almas. Talvez por isso, Muriaé-MG, seja hoje um grande exemplo de conscientização do eleitor, à cada época elegendo dois ou mais representantes para o legislativo e o congresso, resultando em grandes conquistas para o município. O Hospital do Câncer é fruto desta conjugação de ideais e a cidade avança, se transformando num importante polo gerador de progressos na Zona da Mata.

Enquanto isso, em Itaperuna, dotada de um centro avançado de saúde, polo universitário e centro do Vértice Sul - ( Marco central do Noroeste do Rio, Sul do Espírito Santo e Zona da Mata Mineira), antipatias antigas, ambições pessoais, desacordos e acordos mal calculados e um ciúme visível de quem está ou pode chegar ao poder, divide o voto, fracionando para quem é da terra e tornando-se valioso para os de fora. Um voto levado embora, vale por dez que poderiam ficar.
O candidato local, antipático ou simpático, critérios que, infelizmente ainda impulsionam a decisão do eleitor, tanto quanto o poder econômico despejado, será sempre melhor do que o forasteiro. É aqui que vive, tem as raízes, a família, conhece as necessidades e pode fazer muito pela cidade e região, como uma opção natural.

A escolha é do eleitor. As futuras reclamações sequer chegarão aos pés dos ouvidos do estrangeiro-catador-de votos e o município continuará a andar com passos de tartaruga esperando mais um jacaré para pegar carona.
Hora de pensar com a própria cabeça e não com o coração ou os bolsos.

PS- Na edição mais recente de sua revista Estilo Off, Marcelo Nascimento escreveu um contundente artigo sobre o tema: confira aqui no blog do Deivyd Soares.


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