quarta-feira, 24 de setembro de 2014

A LUTA POR 15 SEGUNDOS DE FAMA

Nino Bellieny


Na semana passada, um detento da Casa de Custódia de Itaperuna, com um tijolo, tentou quebrar a parede da cela e até o cadeado. Foi impedido de continuar pelos agentes de segurança interna sendo a ocorrência representada na 143ª DP. Para o rapaz, a sogra dele, instalara câmeras que o filmariam e depois, as cenas seriam exibidas no programa do Datena.


Dá pena.  Não só por esse homem,  talvez  vítima de delírio psicótico ou simplesmente, pelo mais presente desejo na maioria das pessoas: o de aparecer. E a qualquer custo. Seja nas redes sociais ou nas emissoras de tv  e vice-versa.  Quase sempre planejada, a sequência tem requintes de superprodução ou é feita  do modo mais tosco. O objetivo é o de atingir milhares de acessos e uma repercussão, nem sempre além de 3 ou 4 dias, insuficiente para preencher um ego faminto, esvaziado logo em seguida. 



 A vontade de ser alguém famoso e a facilidade para se chegar a este status tão volátil, é  retroalimentada pelos programas  de reality show,  sites de notícias banais, blogs sensacionalistas e revistas  semanais de fofocas sobre a vida de celebridades,  quase todas instantaneamente desintegradas. Cometas fulgurantes, estimulam mesmo assim, a imaginação de milhares de mentes aprisionadas. É o cabelo, o corpo , a roupa, o carro, os flashs, as festas, a inspirarem jovens e adultos cansados de serem eles mesmos, ansiosos por uma transformação súbita, ainda que seja pagando um mico colossal.
Essa busca é antiga, somente acelerada pelas novas tecno-formas de comunicação.


Hoje tão comum  nas declarações impulsivas,  revelações íntimas de  saúde, relacionamentos amorosos, indiretas raivosas e auto-espelhadas até chegar às selfies eróticas ou simplesmente bizarras, expostas visceralmente nas redes sociais.



Prevista por Andy Warhol há muitos anos, a ideia de que todo o mundo seria famoso por 15 minutos em um futuro à época distante, realizou-se turbinada: 15 segundos. Da terra ao céu ou ao inferno e de ambos, ao limbo. Em apenas 15 segundos. Sem enredo, sem permanência, sem história. E provavelmente, com um vazio ainda maior dentro de si.




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