segunda-feira, 1 de setembro de 2014

ITAPERUNA ENGARRAFADA? CULPA DA POLÍCIA

NinoBellieny

É um dia normal de uma semana normal em Itaperuna. O trânsito solavanqueia pela principal artéria da cidade, a Avenida Cardoso Moreira. Carroças  de luxo puxadas por 150 cavalos ou mais, passam como num cortejo fúnebre. Os equinos são flex: bebem gasolina, álcool, diesel ou gás. A Cardoso Moreira muda de nome várias vezes até sair do perímetro urbano, como apelidos para disfarçar a Br-356 cortando a cidade inteira com um bisturi cego. O aumento de veículos, cerca de 33 mil em dados recentes do IBGE- fora os emplacados em outros estados- somados aos milhares que passam pela rodovia federal, entorna poluição, estresse, balbúrdia e de brinde, mortes e mais mortes em acidentes dos mais simples aos mais complexos. Não há uma alternativa viária. Um acidente de proporções maiores, estrangularia a garganta do organismo vivo chamado Itaperuna. O Arco Rodoviário ou Avenida do Contorno, dorme no papel. O morro entre a Vinhosa e outros bairros, esperando por uma  via de escape, decora o horizonte.
A prefeitura acena com projetos, vereadores falam de um novo Plano Diretor, a população aumenta e o tempo é tão indiferente quanto alguns dos pretensos líderes políticos: simplesmente passa. Nada muda.

E ONDE ESTÁ A CULPA DA POLÍCIA MILITAR NESTE ENGARRAFAMENTO DIÁRIO?

Em lugar algum. Agindo como enfermeiros de um doente terminal, multiplicam-se em esforços para conter o avanço da criminalidade e evitar o estraçalhamento de vidas em meio as ferragens de automóveis colididos e capotados. Esta luta sem fim, fez com que os integrantes do 29º BPM, ( com a ajuda do reduzido, mas, eficiente, número de agentes da Polícia Civil da 143ª), conseguissem diminuir todos os índices negativos dentro dos 9 municípios de sua área de atuação no primeiro semestre deste ano em relação a roubos de veículos, residências e pedestres. Apreendesse grande quantidade de drogas ilícitas e armas, diminuísse sensivelmente o número de homicídios e outras incidências criminais, alcançando o notável feito de ficar entre os 3 melhores batalhões da PM em todo o estado.  Todavia, conter o crescimento da mortalidade provocada por acidentes de trânsito, não é uma tarefa única e exclusiva: ela depende da Polícia Rodoviária Federal, (cujo contingente é notoriamente pequeno em todo o país.); da educação do cidadão; da conservação das vias urbanas, rurais, estaduais e interestaduais e do interesse dos governantes e legisladores, entre tantas outras variantes responsáveis.





POR ISSO, QUANDO A PM AGE
E o trânsito torna-se mais lento, dá a sensação, ( errônea), de que determinada hora e local não são ideais para a operação, mas,  sem blitz, a cidade  já não flui normalmente há muito tempo. É caótica do mesmo modo e sem a presença analítica e interventora dos policiais, torna-se muito mais perigosa. É pela fina peneira da PM que não passam os marginais,  seus arsenais e entorpecentes, os veículos roubados,  adulterados e atrasados administrativamente. É quando o cidadão preserva-se e o não-cidadão revela-se em sua grandiosa pequenez.

BANDIDO NÁO TEM HORÁRIO
Tem planos ou oportunidades. Não cumprem regulamento. Não usam uniformes. Não possuem "cara-de-bandido" por mais que se tente estereotipar. Agem como bem querem. São observadores, pacientes, astutos, usuários de uma não-disciplina e por isso mesmo, surpreendentemente letal. Oferecer a eles facilidades como hora definida para uma operação policial, é dar condições para evitarem, evadirem e esperarem outro momento para o que desejam obter: o bem alheio ou a vida do próximo.




RECLAMAR DE BLITZ
Seja na hora do almoço, final de expediente, saída de escola ou qualquer outra situação causadora de eventuais atrasos e morosidade, reflete o lado egoísta unilateral de quem precisa compreender o plural, o coletivo, enfim, o social.

DENTRO DAQUELE CARRO
Parado e revistado pelos policiais, pode estar uma vítima de sequestro e ela, seria  qualquer pessoa de bem, amarrada, amordaçada, prestes a perder a vida e finalmente, libertada, exatamente pela metódica ação policial. A filha do homem que xinga porque o trânsito se arrasta e seu carro foi parado pelos PMs,  a esposa, a mãe ou o pai. Ou em um incerto dia, ele mesmo, salvo da bandidagem, apenas porque uma blitz, em tantas horas, para ele, erradas, foi naquele dia, a hora certa.


CONCLUSÃO SEM CONCLUSÃO
Enquanto medidas públicas enérgicas não forem tomadas em consonância com a população e os poderes constituídos, o trânsito itaperunense, carregará consigo o adjetivo mais comum dos últimos tempos: caótico. Um jargão nada criativo, a tirar centenas de vidas, regando de vermelho-escuro a terra do Caminho da Pedra Preta.






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